Pesquisadora registrou a ocorrência de raias mantas na área de
influência do Porto de Paranaguá. Com o Projeto Raia Manta, Andrielli
Medeiros estuda os detalhes da presença delas na região.
Como explica Andrielli Medeiros, todo ano – na mesma época e no mesmo
local – as raias mantas têm aparecido na Baía de Paranaguá, em frente à
Ilha das Peças. Essas raias são as maiores do mundo, alcançam até 7m de
comprimento entre uma nadadeira e outra.
O Litoral do Paraná é um dos poucos lugares onde está confirmada a
ocorrência sazonal da espécie. No Brasil, apesar de haver registros
esporádicos da espécie por toda a costa, existia somente um ponto de
ocorrência sazonal da espécie confirmado no Brasil, no Parque Estadual
Marinho da Laje de Santos, localizado a 45km da costa, onde elas ocorrem
no inverno.
Em 2010, Andrielli, que na ocasiãocursava a graduação em Oceanografia
na UFPR, iniciou a busca por elas no Paraná sobre a orientação da
doutora Camila Domit que havia avistado as mantas durante um estudos com
os boto-cinzas (Sotalia guianensis).
A partir de relatos dos pescadores artesanais de Pontal do Paraná,
averiguou-se que as mantas (chamadas pelos pescadores de “jamantas”)
ocorriam na região da Vila das Peças, localizada na Ilha das Peças,
município de Guaraqueçaba, área interna do Complexo Estuarino de
Paranaguá.
“Ainda não sei o motivo de elas entrarem no estuário, tenho somente
hipóteses que estão sendo estudadas, como para alimentação e realização
do parto e reprodução. A Ilha faz parte da área indireta de influência
do Porto de Paranaguá. Por isso, o projeto pretende fazer uma parceria
com a equipe do Núcleo Ambiental da Appa (Administração dos Portos de
paranaguá e Antonina) para utilizar os dados do monitoramento realizado
no canal da galheta, desembocadura norte, do porto para comparar a
desembocadura sul (do porto) com a desembocadura norte (das mantas) para
entender porque elas entram somente por aquele canal”, afirma.
Ainda de acordo com Andrielli, as raias mantas nadam na coluna
d´água, batendo as nadadeiras, como se “voassem” dentro água; e também
saltam para fora da água, saltos únicos ou duplos, geralmente batendo o
dorso (costas) na água como ocorre na baia de Paranaguá.
Especial – “A ocorrência das raias mantas é comum em
áreas oceânicas, em ilhas ou recifes de coral. A ocorrência delas em
estuário (áreas abrigadas onde a água do mar se mistura com a água dos
rios) se restringe a registros esparsos na costa dos Estados Unidos e
agora aqui na Baia de Paranaguá, sendo aqui o único lugar no mundo onde
elas aparecem sazonalmente”, completa.
Segundo a pesquisadora, o número exato de raias mantas que circulam
por aqui ainda é difícil de saber. “Mas tenho mais de 320 saltos de
raias mantas registrados até agora, nos anos de estudo, que podem ser de
indivíduos diferentes ou não. A presença dela ali é um grande presente
para todos. Elas são enormes, magníficas e pouquíssimo conhecidas e
estudadas no mundo, além de serem muito inteligentes, tem o maior
cérebro dos peixes”, comemora Andrielli.
Presença – Como mostra o estudo da oceonógrafa, as
raias mantas entram no estuário no verão, mas o mês de entrada e saída
varia de ano para ano. “Monitoro de dezembro até junho. Elas ocorrem em
meio a este período, geralmente com um mês de pico de ocorrência: em
2012 foi em abril, 2013 em fevereiro, 2014 em janeiro”, detalha.
Como indica a pesquisadora, para avistá-las a melhor maneira é sentar
na beira da praia da Vila da Ilha das Peças e observar o mar. “O salto
ocorre de repente e se tiver sorte poderá ver dois saltos. Os nativos
falam que não pode apontar para a manta saltando, senão elas não
realizam o segundo salto. Andar de barco diminui a possibilidade de
avistá-las, alem de ser perigoso ocorrer de elas arrastarem barcos
fundeados, de ocorrer colisões com elas e com os golfinhos e do motor
espantá-las”, orienta.
Fonte: Appa
Conheça mais o Projeto Raia Manta:
http://projetoraiamanta.wix.com/promantas
https://www.facebook.com/projetoraiamanta
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